Adorável, fofa e charmosa: sabia que a covinha é um defeito congênito?…
Para muita gente, elas são sinônimos de charme, sensualidade e beleza —e de fofura também, quando se trata dos bebês. Estamos falando das covinhas (gelasinas), aqueles furinhos que algumas pessoas possuem na bochecha e, outras, no queixo. Mas você sabe qual a origem delas e por que não é todo mundo que as têm?
Pode ser difícil de acreditar, mas, de acordo com a ciência, essa adorável característica não passa de um defeito congênito, que causa falhas no desenvolvimento do tecido conjuntivo subcutâneo ainda na fase embrionária —quem “é vítima desse erro” possui o músculo menor do que quem não é.
“Nos indivíduos com os furinhos, a parte externa e a parte interna da pele da face são grudadas”, explica o cirurgião plástico Mário Farinazzo, membro titular da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e chefe do setor de rinologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). “Na bochecha, um ponto do tecido fibroso dessa região cria uma aderência entre a pele e o músculo, e no queixo, entre a pele e o osso da mandíbula, causando um repuxamento e, consequentemente, as depressões”, acrescenta o médico.
Os buraquinhos da bochecha podem ser uni ou bilaterais e, normalmente, são dinâmicos, ou seja, aparecem com a movimentação da musculatura, sobretudo quando a pessoa sorri. Já no queixo, são estáticos. Vale salientar que, em alguns casos, eles somem com o passar o tempo.
Em se tratando de bebês, isso é mais comum ainda, pois muitas vezes as cavidades são causadas pelo excesso de gordura natural que eles têm, e que vai sendo absorvido pelo organismo conforme vão crescendo.
Além disso, uma criança nascida sem covinhas pode desenvolvê-las mais tarde. De toda forma, é bom ficar claro que, apesar de serem consideradas anomalias, elas não causam prejuízo algum à saúde —na verdade, devido ao alto apelo estético, acabam é fazendo bem para a autoestima.
Os furinhos são hereditários? A cantora Demy Lovato tem furinho no queixo. Mas, afinal, qual a origem das covinhas? A teoria mais explorada é que elas são “herdadas” do pai ou da mãe. Porém, a bióloga Andréa Ramirez, professora dos cursos de saúde da FAM (Centro Universitário das Américas), diz que não existe um consenso entre pesquisadores e geneticistas sobre isso e que poucos estudos foram feitos para explorar o tema. “Há informações sobre a possibilidade de estarmos diante de uma característica autossômica dominante, mas não há um gene específico apresentado para isso, o que me leva a crer que as evidências não são suficientemente seguras para que possamos afirmar que haja uma herança genética”, indica.
Ainda segundo a especialista, compreende-se que uma característica tenha padrão de herança autossômica dominante quando se manifesta em ambos sexos e em todas as gerações, mas, no caso específico das covinhas, são poucos os trabalhos que sugerem isso. “E, se fosse mesmo verdade, deveríamos vê-las em todos os membros da família”, complementa.
Covinhas artificiais Para quem nasceu sem covinhas, a medicina estética tem uma solução: a dimpleplastia. O procedimento, que está em alta nos Estados Unidos, em especial entre os mais jovens, consiste justamente em criar os furinhos no rosto. De acordo com Farinazzo, a sua popularidade se deve ao fato de ser uma cirurgia rápida, feita com anestesia local, sem a necessidade de internação e com tempo de recuperação reduzido.
Na bochecha, ela consiste em fazer uma incisão no interior da boca, no local onde ficarão as cavidades. Ali, o médico retira parte da gordura e fixa a pele no músculo. No queixo, o processo é basicamente o mesmo, mas, neste caso, a pele é “grudada” no osso. E, dependendo da situação, pode ser necessário aumentar o volume nas laterais, para dar a impressão de que o meio está mais afundado.
“O resultado pode levar até dois meses para aparecer completamente, já que depende da diminuição total do inchaço”, relata o cirurgião plástico, que admite ser contrário à intervenção e ainda faz uma ressalva: “Como acontece com qualquer tipo de operação, essa também tem seus riscos. As principais são lesão nervosa, danos aos lábios e às glândulas salivares e sangramento. Fora isso, o paciente deve saber que pode ficar com a face assimétrica e que as marcas feitas na bochecha ficarão aparentes a todo momento, diferentemente das covinhas naturais, que surgem apenas quando a musculatura é movimentada”.
Publicado originalmente pelo Site Revista Viva Bem: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/11/12/adoravel-fofa-e-charmosa-sabia-que-a-covinha-e-um-defeito-congenito.htm