Ácido hialurônico: para que serve o produto queridinho para pele e cabelo?
Confira a matéria publicada Site Uol – Viva bem em colaboração com Dr. Mário Farinazzo
Difícil nunca ter ouvido falar sobre ácido hialurônico: além de famoso preenchedor nas harmonizações faciais, o composto é princípio ativo de diversos produtos para pele e cabelos. Ele se tornou queridinho por trazer hidratação sem agredir a pele, apesar do nome ácido.
“Com propriedades higroscópicas (que absorve a umidade do ar), é capaz de se ligar a grande quantidade de água, o que aumenta a hidratação, além de ter ação antioxidante”, aponta o dermatologista Daniel Cassiano, professor de dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo (SP)
Além disso, por ser natural do corpo humano, ele é ótimo para preenchimentos. “Podemos colocar uma grande quantidade dele porque o organismo não o entende como algo externo e não cria uma reação inflamatória muito grande”, reitera o cirurgião plástico Mário Farinazzo, chefe do Setor de Rinologia e professor de trauma da face e rinoplastia, ambos na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
O ácido hialurônico foi isolado em 1934 e desde então vem sendo estudado pela ciência, como explica a dermatologista Carolina Milanez, preceptora de dermatologia do Hospital Heliópolis (SP). “Os preenchedores com ácido hialurônico estão no mercado desde a década de 1990”, aponta.
Para que serve o ácido hialurônico
Como já citado, o ácido hialurônico tem como principal função a hidratação e o efeito antioxidante. “Também pode ser usado em curativos para regeneração da pele, preenchimento e no skinbooster, um tipo de hidratação profunda da pele feita com o princípio ativo injetável”, enumera Milanez.
Além disso, atualmente existe o ácido hialurônico ingerido, normalmente junto com o colágeno hidrolisado. No entanto, o efeito na pele desse tipo de uso ainda não foi comprovado por ensaios clínicos randomizados duplo cego.
Quando pensamos em produtos para o uso tópico desse componente, não há muitas regras para sua utilização, apenas quando ele está presente em formulações com outros produtos. “Geralmente prescrevo o ácido hialurônico após a vitamina C e antes do filtro solar pela manhã. E à noite, antes dos ácidos noturnos”, recomenda o dermatologista.
O método de skinbooster é mais recomendado quando os primeiros sinais do envelhecimento surgem. “Normalmente são indicadas três sessões com intervalo mensal, com repetição a cada nove meses mais ou menos”, ensina Milanez
Como é feito o preenchimento?
Os preenchimentos, seja o skinbooster ou preenchimentos de modo geral, são feitos ambulatorialmente. No rosto, o ácido hialurônico pode ser aplicado nas têmporas, na região da glabela (entre as sobrancelhas), nas sobrancelhas, maçãs do rosto, no nariz, ao redor dos olhos, na boca, no queixo, na mandíbula e no pescoço. Já no corpo pode ser usado para preencher regiões com alguma depressão ou deformidade.
“É possível aplicar 1 mililitro, por exemplo, em uma rinomodelação ou em um aumento labial (este último pode usar até 3 ml). No caso das harmonizações faciais, na mandíbula e no queixo, são regiões que consomem bastante. O comum é que se use entre 8 e até 10 ml em cada sessão, dependendo da região”, considera o cirurgião plástico.
Normalmente é feita com anestesia, que pode ser tanto o bloqueio de algum nervo regional quanto o uso de algum anestésico tópico entre 20 e 30 minutos antes do procedimento, como a lidocaína. Alguns preenchedores, inclusive, trazem anestésicos em sua composição. Com isso, é comum que o tempo total para aplicação seja de até uma hora, contando esse tempo em que o paciente ficará com o produto.
Ácido hialurônico nos cabelos
O uso do ácido hialurônico nos cabelos é exclusivo para hidratação e melhora da aparência dos fios, já que as moléculas são muito grandes para penetrar no fio. “Isso ocorre porque a camada média do cabelo tem células muito bem aderidas, portanto ele acaba agindo superficialmente, melhorando a hidratação, brilho e maciez”, descreve o tricologista Ademir Carvalho Leite Jr., preceptor do curso de formação internacional em tricologia da IAT (Associação Internacional de Tricologistas).
Normalmente esse princípio ativo já está inserido em produtos como xampus, condicionadores, máscaras e finalizadores que devem ser usados conforme a indicação do fabricante, já que nenhum produto terá apenas esse composto. O tricologista ainda lembra que, no entanto, a ação superficial do produto o torna não indicado para leave-ins ou máscaras noturnas.
Contraindicações do ácido hialurônico
Apesar de estudos em animais mostrarem poucos riscos, o ácido hialurônico é hoje contraindicado para gestantes, justamente por não haver evidências em humanos. Para outros públicos, não há contraindicação.
Existem riscos e complicações possíveis?
O uso tópico do ácido hialurônico na pele e nos cabelos não oferece riscos, a não ser que haja algum outro princípio ativo associado que cause alergias ou outros problemas.
Já o preenchimento deve ser feito por um profissional bem capacitado. “É um procedimento que exige muito conhecimento anatômico, conhecimento dos riscos de complicações e, principalmente, o profissional que aplica o preenchimento tem que saber identificar e tratar as possíveis complicações”, pondera Milanez.
Entre as possíveis complicações encontramos:
Oclusão vascular – que pode causar necrose na região;
Infecção;
Reação inflamatória local persistente;
Nódulos;
Embolia;
Compressão nervosa;
Hematomas;
Alergias.
Matéria originalmente publicada no Site Uol – Viver Bem: https://bit.ly/3OlLOyK