O que é transtorno dismórfico corporal?
O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é uma disfunção psiquiátrica onde o indivíduo apresenta uma preocupação excessiva com imperfeições mínimas em sua aparência física.
Pessoas com esse tipo de problema costumam recorrer a cirurgiões plásticos na expectativa de corrigir um suposto defeito estético que, muitas vezes, não é perceptível.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, SBCP, o número de pacientes com TDC que realizaram intervenção estética varia entre 6% e 24%, podendo alcançar até 53%.
Quando se trata de rinoplastia, esse número é ainda mais expressivo. Um estudo, realizado com 29 pacientes que desejavam fazer a cirurgia do nariz, constatou que mais de 20% tinham sintomas indicativos do transtorno.
O diagnóstico da doença é muito dificultado pelo fato desta ser confundida com uma vaidade exagerada e outros transtornos psicológicos.
Alguns cirurgiões plásticos conseguem identificar alterações emocionais em seus pacientes durante uma consulta médica de avaliação. Ao reconhecer o distúrbio, o profissional pode se negar a realizar a intervenção ou encaminhar o cliente para uma avaliação psicológica antes de realizar a cirurgia plástica.
Os portadores de TDC costumam procurar outro cirurgião plástico para realizar a operação estética quando a sua primeira opção se recusa. Ou seja, é fundamental que os especialistas encaminhem o paciente para um tratamento adequado.
Geralmente, pessoas que possuem sinais de depressão relacionados ao TDC demonstram insatisfação com o resultado da cirurgia e dificuldade com os cuidados pós-operatórios.
Em muitas situações é possível identificar comorbidades psiquiátricas, o que agrava o nível de angústia desses pacientes. Por isso, o cirurgião plástico deve ser detalhista para reconhecer essas características em seus clientes.
Qual é a origem do Transtorno Dismórfico Corporal?
A sua origem pode ser relacionada à genética, fatores neuroquímicos e trajetórias individuais de vida. Conhecer a etiologia do TDC facilita o diagnóstico da doença, uma vez que pode ser confundida com outros distúrbios de humor, alimentares, mentais, entre outros. É um diagnóstico complexo.
Em muitos casos, essa insatisfação corporal se manifesta na infância e na adolescência, períodos em que os padrões estéticos de beleza moldam a ideia e o ambiente social de muitos jovens.
Em contrapartida, alguns estudos apontam que a doença pode ser desenvolvida na fase adulta e, até mesmo, na terceira idade, embora existam poucos relatos e estudos nessas faixas etárias.
Como ter certeza do diagnóstico de TDC?
Identificar a prevalência do transtorno em pacientes que desejam fazer cirurgia plástica é muito difícil, porque os critérios que definem o TDC podem se confundir com o excesso de motivação em realizar a intervenção estética.
Para ter certeza do diagnóstico, é imprescindível procurar ajuda profissional de cirurgiões plásticos e psicólogos. Depois de uma série de avaliações e exames, dirão ao certo se você tem ou não esse distúrbio.
Entenda alguns dos principais sintomas do TDC:
- Expectativa com relação à cirurgia acima da média;
- Exigência com estética não usual;
- Mania de perseguição por conta da aparência;
- Insatisfações com cirurgias plásticas anteriores que obtiveram resultados satisfatórios;
- Falta de consciência de seu estado;
- Muitas horas gastas em cuidados com a aparência;
- Impacto negativo em atividades sociais.
Pacientes que apresentam esses critérios e ainda possuem problemas psicossociais não devem ser submetidos a uma cirurgia plástica.
O ideal é que, após tratamento psicológico, essas pessoas possam ser reavaliadas para que se confirme se já estão aptas para realizar a intervenção.
A classificação do grau de gravidade do TDC, durante a avaliação antes da cirurgia, pode reduzir o número de pacientes com sintomas de TDC no pós-operatório.
Existem tratamentos disponíveis para a disfunção, porém, há uma série de empecilhos, porque é muito comum que esses pacientes também apresentem depressão.
Geralmente, os instrumentos usados para detectar a doença são questionários estruturados para avaliar a percepção da pessoa com relação a aparência física. A partir dos resultados dessa avaliação (em conjunto com outros médicos), o diagnóstico será feito.
O tratamento para o TDC varia de acordo com o nível e a particularidade do quadro clínico. Infelizmente, não é possível prevenir o transtorno, mas um ambiente compreensivo e que estimule atitudes realistas podem reduzir a gravidade do problema.
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