Saiba quais são as 4 principais queixas estéticas influenciadas pela pandemia
Alguns meses em casa e parece que houve um surto de rugas, queda capilar, flacidez de pele e linhas finas na testa. Pelo menos é isso que mostram as constantes queixas nos consultórios médicos. “Parece até ter relação com o inconsciente coletivo e é impressionante: as pessoas voltaram se sentindo envelhecidas e com muita queda de cabelo.
A maioria está com exames normais. Portanto, a queda teve relação com estresse. Na sequência vieram: flacidez da face e do pescoço e manchas no rosto. As pessoas se olharam mais nas videoconferências, se analisaram mais; observaram a face e o pescoço em movimento (durante a fala, o riso etc.) e esse contato o tempo todo com as expressões fez surgir o que nos EUA apelidaram como “efeito zoom”, devido à plataforma de videoconferência Zoom”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Abaixo, a médica e outros especialistas explicam melhor o surgimento dessas alterações e como tratá-las:
QUEDA CAPILAR
A alopecia androgenética apresenta forte influência genética. “A identificação de variações genéticas que levam a maior risco de calvície, pode permitir a modulação da expressão de genes envolvidos, diminuindo o risco e prevenindo o desenvolvimento de calvície. Por exemplo, quando há baixa expressão do genótipo do gene CYP19A1, há acúmulo de DHT (di-hidrotestosterona) que leva à queda de cabelo e aumento de oleosidade; por outro lado, a alta expressão diminui os níveis de DHT e melhora a resposta ao tratamento”, diz o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral da Multigene, laboratório especializado em análise genética e exames de genotipagem.
Se o problema não for de ordem genética, é muito provável que tenha uma relação com o estresse e a alimentação: nesse caso, a queda capilar é chamada de eflúvio telógeno.
“O estresse aumenta a liberação de cortisol que encurta a fase de crescimento capilar e promove a queda dos fios, processo conhecido como eflúvio telógeno. Pela maior liberação de adrenalina, há a vasoconstrição nas raízes dos cabelos com menor aporte de sangue e nutrientes ao fio, impactando na fase de crescimento”, explica a Dra. Kédima Nassif, dermatologista e tricologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Para tratar, é fundamental visitar um especialista.
“No caso dos eflúvios telógenos, corrigida a causa precipitante, o processo se torna reversível e é autolimitado. No caso da calvície, conseguimos controlar o problema enquanto o paciente está sendo tratado, porém, o uso de alguma estratégia que evite a queda, seja com fármacos orais ou tópicos, lasers ou aplicações no couro cabeludo, é mandatório e deve ser contínuo”, explica a tricologista.
RUGAS
O estresse tem relação direta também com o envelhecimento da pele. “A sua genética pode te ajudar – ou te prejudicar – nesse processo. O seu DNA afeta a resistência, a regeneração, o desenvolvimento da barreira cutânea, a perda hídrica da sua pele e o quanto as fibras de colágeno e elastina, essenciais para a sustentação da pele, estão vulneráveis aos efeitos dos raios solares. Por isso, entender como suas variantes genéticas influenciam a saúde da pele é essencial para mantê-la protegida” explica o geneticista Sady.
Dependendo de onde as rugas estão localizadas, isso pode mudar até a expressão do rosto, dando a impressão de que o paciente está sempre zangado ou chateado. “Vincos na boca e na testa podem fazer com que as pessoas pareçam estar franzindo a testa em uma expressão de que estão chateadas”, afirma o cirurgião plástico Dr. Mário Farinazzo, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
De acordo com o cirurgião plástico, alguns estudos já mostraram que as pessoas buscam procedimentos de cirurgia plástica, como ritidoplastia, facelifts ou injeções de toxina botulínica, não somente por vaidade. “Existem problemas reais associados aos primeiros sinais de envelhecimento, de forma que o paciente pode apresentar falsamente a ideia de que está enfrentando tristeza e depressão, ou ainda parecer nervoso demais”, diz Farinazzo.
“Felizmente, existem muitos tratamentos que podem ajudar a tratar rugas no rosto e pescoço. Embora os de lifting facial sejam os mais conhecidos e definitivos, outros podem optar pelos injetáveis para paralização muscular (toxina botulínica), preenchimento (ácido hialurônico) e estímulo de colágeno (bioestimuladores), que também trazem bons resultados”, afirma o cirurgião plástico.
Segundo Paola, o melhor tratamento para as rugas dinâmicas, que são as rugas de expressão, continua sendo e provavelmente sempre será a toxina botulínica. “Sua aplicação é extremamente rápida e a paciente permanece de máscara o que torna o procedimento muito seguro. Outra alternativa para prevenção a longo prazo, seria o skinbooster na área dos olhos, um “hidratante injetável” que estimula o colágeno e melhora as linhas sem paralisar a musculatura (diferente da toxina botulínica)”, explica a médica.
FLACIDEZ DAS SOBRANCELHAS, DA FACE E DO PESCOÇO
A flacidez das sobrancelhas pode causar um aspecto frequente de “olhos cansados”, segundo o cirurgião plástico Paolo Rubez. “A posição das sobrancelhas mais caídas, por exemplo, dá um aspecto cansado e pode ser tratada com a cirurgia de elevação dos supercílios ou a aplicação de toxina botulínica para elevações menores ou fios de sustentação. Para o excesso de pele nas pálpebras o tratamento é cirúrgico através da blefaroplastia. O procedimento retira o excesso de pele e bolsas de gordura presentes nas pálpebras superiores e inferiores, com a possibilidade do reposicionamento dessas estruturas ou preenchimento de sulcos na região quando o médico julgar necessário”, diz.
No caso da flacidez da face e do pescoço, além do ultrassom microfocado, uma novidade é o Surgical Derm, outra nova ponteira da plataforma Solon, que promove a entrada de um plasma de baixa temperatura na derme. “Ao se espalhar na camada mais profunda da pele, o plasma promove uma intensa contração do tecido, reduzindo rugas e flacidez”, explica dermatologista Salomão Jr. O tratamento é tão poderoso que uma sessão do plasma equivale a quatro sessões de Co2, laser utilizado tratar rugas e flacidez. O procedimento, que dura cerca de 20 minutos, é feito após aplicação de um creme anestésico para diminuir o nível de dor.
MANCHAS
Existem variantes genéticas que tornam sua pele mais suscetível aos danos dos raios solares (que ultrapassam os vidros, então tome cuidado). “Essas variantes podem significar uma menor resistência da pele frente a essas agressões e também um processo inflamatório mais intenso, que ajuda na formação das manchas”, explica Sady. Isso explica, aliás, porque muita gente que ficou dentro de casa e abdicou do uso do fotoprotetor agora está sofrendo com manchas grandes e melasma.
“Para as manchas podemos tratar com cremes clareadores em casa, peelings ou lasers ou ainda luz pulsada. Tudo vai depender do tipo da mancha. Para todas é essencial o uso de filtro solar diariamente, mesmo dentro de casa. Aliás o filtro previne as manchas, ajuda a tratá-las e evita que elas retornem após o tratamento”, afirma Paola.
Já o dermatologista Salomão Jr. sugere os lasers Vektra QS, que atua no melanócito para impedir a formação da mancha, ou a radiofrequência microagulhada Eletroderme que renova a pele profunda e superficialmente e, com ajuda dos fármacos, trata as manchas.
Matéria publicada originalmente no Site Revista RG: https://siterg.uol.com.br/beleza